No Direction Home

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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Para Anne Frank




Querida Anne, resolvi voltar a ler seu diário. É precioso segura-lo em minhas mãos, pois é um pouco do seu coração, da sua história, em outras palavras é um pouco de você. Pensar na sua vida e em tudo que viveu é uma experiencia fascinante.
Fará, no dia 13 de abril 2010, 10 anos que li seu diário pela primeira vez, lembro que amei e chorei. Dez anos, tanta coisa mudou. Eu mudei, você mudou, de uma desconhecida de uma tragedia, a uma pessoa com nome, amigos e história. Tudo ganha um peso. Fico pensando no que você teria feito no pós-guerra, como você seria hoje? Não foi neh! Anne,  você ficou com a história incompleta, junto com outras milhares de vida.

domingo, 12 de agosto de 2018

Am 12 August 2018


     Posso tentar descobrir novamente a vida? Sem ti! Cada vez a ferida parece que cicatrizará, sangra menos. Eu reconheço minha força, eu reconheço tua força, deixo ir, quero que flua.
Se for para os nossos caminhos se cruzarem novamente em um futuro, que assim seja. Sei que precisa ir. Ambos precisamos disso. Eu preciso me curar. Vi o mal que habita em mim, vi o mal que habita em ti. Não dava mais para continuar lutando, foi necessário esse afastamento, minha paz depende disso. Eu retorno a buscar o meu eu, meu eu que perdi em teu nome.
Não dá mais, hoje eu me rendo, a luta acabou. Fui derrotado! Que essa derrota sirva para crescer. Eu aprendi muito contigo. Agradeço o que houve de bom, pelos momentos de sorriso, de conversa, de vivencia, foram bons, acredite, foram verdadeiros. Eu nunca menti para ti nesse ponto, eu sempre tentei ser o mais honesto, o mais presente, me doar até mais do que precisava, do que podia. Eu abri minha alma, abri o santuário que há em mim, te dei as chaves.
Claro, dentro desse lugar havia diversas coisas, boas e más, lá habitavam meus demônios até então esquecidos. Eu tentei me moldar, me encaixar no teu mundo, eu queria fazer parte dele, parte dos teus sonhos. Não percebi que o quanto mais alimentava essa vontade, mais crescia meus medos, mais matava o que havia de bom em mim para torna-me migalhas no teu mundo. “Eu não ficaria bem na tua estante”, eu não ficaria bem no teu mundo.
Há verdade foi que morri um pouco a cada dia, sangrei um pouco a cada momento ao teu lado. Por fim tentei te transforma em um poema, alguns poemas terminam tristes.
Eu morri, matei o que havia de bom em mim. Lembra, eu te falei uma vez sobre a pressão necessária para romper uma barra de ferro, e como esse rompimento é doloroso, e não foi?  Sei que doí em ti também. Mas é hora, vá em paz, que novas flores cresçam nesse deserto, nessa ferida que ainda tem sangue.
Que os Deus da terra nos ajudem, que eles tragam a possibilidade de cura para nossas dores. Que a vida siga seu rumo, que dos rompimentos novos ciclos nasçam.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Fim de um Ciclo

     Eu quase não acredito, esse dia finalmente chegou, eu vou colar grau, fechar um ciclo na minha vida, termina uma graduação em uma universidade pública, realmente quase não acredito!
     Tenho muito a agradecer a meu pai, por ter estado comigo durante esse tempo, por ter me ajudado a permanecer na universidade, ter bancado xerox e livros.
     Chegando ao fim da graduação tenho que assumir meus privilégios, quantas pessoas queriam estar nesse lugar? E não conseguiram, quantas foram até negado o direito básico de saber ler? Quantos apenas conseguiram termina o ensino básico, e por diversos motivos não conseguiram estar na Universidade pública. Essas pessoas mesmo não conseguindo estar na universidade financiaram meus estudos, graças ao seus trabalhos e impostos, e por isso consegui estudar de “graça” em uma instituição de ensino superior.
     Infelizmente a educação nesse país continua sendo um privilegio voltada prioritariamente a elite burguesa, até pouco tempo atrás a universidade pública não era pensada para os pobres e seus filhos, essa mentalidade só veio diminuir, porém não acabou, nos últimos anos graças aos governos voltados mais para o povo, que criou cotas, e proporcionou mais auxílios de permanência, porém todas essas conquistas agora são ameaçadas por conta de um governo golpista e ilegítimo, que buscar a voltar o pensamento de séculos passados.
     Ao terminar esse curso tenho plena consciência que esse diploma não me faz melhor do que qualquer outra pessoa que não o tenha, ele me faz, porém, ser mais responsável, pois ele foi financiado com o dinheiro de todos os trabalhadores, e agora não devo esquecer isto, devo buscar que esse investimento que foi feito em mim retorne para as pessoas que realmente precisam. Agora faz parte do meu trabalho fazer e proporcionar que essas pessoas, que financiaram meus estudos, tenham pelo menos uma chance de ocupar o local que lhe é de direito em uma instituição de ensino pública.
     A universidade deve estar cada vez mais aberta ao povo, aberta a todos os trabalhadores independente de seus credos, opção sexual, cor ou gênero. Devemos cada vez mais lutar para que os filhos, daqueles que tiveram o direito de estudar roubado, ocupem essas vagas que são suas, e que é financiada pelo trabalho de seus país e do seu próprio.
     Terminando a graduação apenas agradeço a UECE por esse tempo vivenciado lá. Ela foi minha segunda casa, conheci pessoas maravilhosas de modo muito especial Bruna Rocha. Edilário Arieiv e o professor Luan Corrêa. Descobri o gosto pela pesquisa, tenho muito a agradecer a UECE por ter proporcionado momentos de encontros e de partilha. Esse texto não é de despedida, é apenas um breve adeus, pois logo retornarei a universidade que é do povo.
Marcelo Freitas Sales, Fortaleza, am 27 Juli 2018.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Ártemis


Qual a vida que não teme mais a morte? A vida que fizestes se esvair? A vida que tentou inúmeras vezes se afirmar e não conseguiu. A vida que não tem descendência e que não viverá em sua espécie. Ela não tem mais nada. Todas as vezes ela buscou se afirma enquanto vontade de vida, ela falhou, isso lhe foi mostrado da maneira mais cruel: - você não presta, não é bom, não serve para isso.
A vida pulsou por um tempo, resistiu. Porém, chegou o momento que ela não suporta mais, suas forças se vão, suas energias esvaem-se. A dor lhe toma por companhia, ela se rende. A vida passou a aceitar a dor como sua companheira, por fim, toda a esperança que lhe restava foi tirada. Restou apenas uma dor, algo que lhe aperta o peito, ela se perguntou: -  qual o meu crime? – sou tão ruim a ponto de não deixar pósteros?
Essa vida já não teme mais nada, ela sabe que seus dias estão contados, e chegando ao seu fim. Ela vai desaparecer sem deixar rastros, ela se tornará apenas mais uma poeira no universo, ninguém lembrará dela. Ela reza então para que seus dias sejam os mais breves, ela clama aos deuses pelo seu fim. – Eu não viverei eternamente na minha espécie, o que eu faço aqui então? -Me levem, não quero mais.
Sua oração chegou aos deuses, então eles resolveram dar-lhe por companhia uma Deusa[1], a mais bela, casta e indomável. A Deusa que não pode ser tocada por nenhum mortal ou deus, ela jurou eternamente ser casta, jamais seria profanada. A vida a teria por companhia, podendo apenas contempla-la, adora-la e render-lhe sacrifícios. A vida continuaria sem continuidade, mas teria uma companhia, a mais bela e forte de todas.
De tão bela que a Deusa é, a vida se curvou a sua beleza. A sua beleza é ditadora, não pode ser questionada, ela é bela, a vida se rende, torna-se escrava da beleza, e fiel a sua senhora. A dor que era então a única companheira da vida, resolve ficar, e servi a Beleza junto com a vida. Dor e vida permanecem então juntas, nunca se separando, ambas ficam juntas da Deusa, a servindo, e a vida continua a esperar o fim de seus dias, mas agora com pequenos momentos de beleza.




[1] Refere-se aqui a Deusa Ártemis.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Am 14 Februar 2018


Hoje eu completo 26 revoluções em torno do sol, e não sei quantas voltas a lua completou em torno de mim. Há 26 anos acompanho o sol, a lua e os outros planetas no caminho para completar uma revolução em torno da nossa galáxia.
Foi num dia como esse que há 26 anos atrás, que a vontade me trouxe para esse mundo, mundo esse cheio de dor e sofrimento, esse mundo é uma verdadeira copia do inferno.
Devo a minha existência a essa vontade de vida, ela do mais absoluto nada deu vida as estrelas, e delas chamou meus antepassados, e consequentemente a mim. Fui jogado num mundo repleto de conflitos e lutas. O mundo é muito jovem para ter paz, eu sou muito jovem para ter paz. A paz é um desejo da velhice. Deixem que os filhos da vontade façam guerras. Eu e o mundo ainda sagraremos muito nesses conflitos. Pois ainda somos tão jovens!
Há 26 anos a vontade cravou com um ferro em brasas na minha alma um impulso “viva”. Neste dia erguesse para mim como um grande mosaico o significado da vida. Nesse mosaico pode ver meus antepassados, minhas gerações familiares, sou filho de estrelas mortas e herdeiro de milhares de defuntos. Vi em seus pálidos rostos e as seguintes palavras estampadas: vontade, dor, impulso, resistência e vida. Perguntei aos meus antepassados mortos, se eles desejariam voltar a viver. A resposta foi categórica. – Não, agora esse fardo é seu.
Nestes 26 anos apenas amei. Sangrei cada dia, e desejei sangrar mais por você. Quantas vezes amei o que os homens odeiam, e odiei o que eles amam. Quantas vezes amei a humanidade, e qual o preço paguei por essa vontade?
Amei a morte, rezei baixinho por ela todas as noites, e a cantei em publico secretamente durante o dia. Mesmo amando a morte, tive um caso com a vida, aprendi a ama-la. Compreendi que vida e morte são partes de um mesmo ciclo.
Como todo homem amei a felicidade, porém, como poucos homens descobri que ela não existia. Há apenas breves, fugazes, e efêmeros momentos alegres.
Conheci diversas pessoas, mas apenas algumas ficaram, entre elas estão: meu pai, minha amada irmã Liana Cavalcante e meus afilhados Mateus e Rosa, e por fim você meu amado.
Quando não acreditava mais em nada, conheci uma Deusa, a Beleza. Ela se permitiu compartilhar comigo um momento no meu caminho, porém com uma condição, nunca a tocaria, e nunca a teria. Apenas compartilharia com ela pequenos momentos, não me sinto mais tão só, sou grato por esses momentos, esses lapsos de bem-estar.
Chegou o fim da minha contemplação, eis que o véu de Maya cai sobre meus olhos em lagrimas, e eu apenas sigo meu solitário caminho, a vida seguem com seu impulso.

Eu não quero eternidade, eu apenas desejo viver essa vida, e que meu corpo ao parar de funcionar, torne-se pó, e volte à vontade. Quando nossa estrela mãe morrer desejo que cada átomo meu seja espalhado pelo o universo e que eles ajudem, a grande fabrica de sonhos, que é o universo a construir novos mundos. 

domingo, 31 de dezembro de 2017

This the time!


Começo o meu texto, com o seguinte título, “este é o tempo”. Fechamos mais um ciclo, completamos mais uma volta em torno da nossa estrela mãe, completamos 365 voltas em tornos do nosso próprio centro. O quem mudou na nossa existência? O que conseguimos construir? O que conseguimos destruir?
Fazia um tempo que não escrevia textos em datas festivas. Não escrevi no advento, não escrevi no natal, porém, hoje tive vontade de escrever, e dizer o quanto esse ciclo me mudou, e o quanto eu quero que me mude no tempo que se inicia. Consegui uma consciência melhor do meu eu, não num sentido egocêntrico pejorativo, mais num sentido de saber me compreender, como um ser que se compreende é um ser que se coloca diante das situações.
Parte dessa criação de consciência veio de experiências vividas durante o ano, entre elas posso citar a constelação familiar, e o estudo da filosofia, mais especifico o autor alemão Schopenhauer. Ambos elementos combinados me fizeram um pouco melhor. Ainda admito que há muito o que devo melhor, porém o inicio já dado, comecei um caminho, uma escada que levará ao paraíso? Ou ao inferno? Confesso que não sei a resposta, e talvez seja melhor assim.
Apenas sigamos nesse caminho, um caminho que foi povoado com tantas pessoas, e algumas ficaram pelo caminho, outras seguem comigo, outras precisam partir, preciso aprender a abrir mão de relações que não me dão dignidade, saber trabalhar minhas carências, é um ponto importante. E saber deixas as coisas fluírem é importante, deixar que pessoas sigam o seu caminho sem culpa, sem prisão. As relações devem ser construídas com respeito, e não em forma de prisão, de poder.
Agradecer as pessoas novas que chegaram e me mostraram o quão melhor eu posso ser, e quanto ainda posso crescer. Preciso aprender a fazer escolhas, por mais que essas escolhas impliquem em abrir mão de outras situações, e uma das frases que me marcou esse ano foi escutada na mesa de um bar, e é a seguinte “pense nos ganhos, e não nas perdas”, saber que ganho mais deixando as coisas fluírem. Quando faço uma escolha preciso ter consciência que ganho mais por tê-la feito, e por mais que os rompimentos doam, foi o que escolhe e os frutos delas serão melhores.
Um ano de cultivo, cultivei cactos, cultivei pessoas, amizades, e há uma semelhança muito grande entre os cactos e os humanos, ambos têm espinhos, cabe a nos sabemos em qual espinho vale a pena se espetar, em qual lugar vale a pena correr risco.
Com relação a Deus ou aos Deuses da terra, nossa briga cessou, eu estou tentando ficar com Deus, estou tentando que ele fique comigo, e nossa briga terminou (de começar), nossa relação esse ano foi tão conturbada, cheia de idas e vindas. E agora nem que seja por um breve momento houve um armistício. Estamos em paz.


sábado, 28 de outubro de 2017

No Teu Altar


Eu não sou santo,
Eu não quero ser santo,
E nunca fui santo.
Eu sou apenas um humano,
Fruto da vontade,
Essa mesma vontade
Pulsa dentro de mim,
Eu tenho desejos,
Há toda uma vontade de vida
Eu desejo
Contemplar ti, como um poema
Então, não me ponha num altar
Onde os beijos são pecados,
Os beijos devem ser orações
Que nos levam ao sagrado,
Que nos levam a vida.
A vontade de vida.

Eu não quero o teu altar, não quero que me diga o quanto sou amável, o quanto sou bom, ou o quanto me admira, chega! Eu não quero isso! Eu quero o teu ser, eu quero o teu corpo, o teu beijo, o teu sexo. Não quero está em um altar para ser cultuado, como um ser longe da realidade, não, não quero! Eu quero o contato, eu quero o mundo físico, um mundo onde eu posso te tocar, sentir teu cheiro. Não quero ouvi lamentações, e preces, deixe isso para os santos, eu sou um pecador, e tu és um dos meus pecados, eu a desejo. Eu sonho contigo todas as noites, minha humanidade pulsa diante de ti, minha fragilidade diante de ti também grita, mas algo pulsa ainda em mim, por mais que a dor exista, a vida resiste, eu pulso, algo ainda pulsa. Algo ainda respira e mandam eu ir em frente. Eu preciso seguir. Um impulso clama por vida, ele grita para ser afirmado.